A Campanha “Não ao Prosavana” tomou conhecimento, através do relatório da última reunião sobre o Prosavana, presidida pelo Ministro da Agricultura e Segurança Alimentar no dia 4 de Abril, que os governos de Moçambique, Brasil e Japão, estão a tomar acções com vista à implementação efetiva do programa Prosavana na região norte do país, ignorando assim todas as contestações dos camponeses e camponesas, dos moçambicanas e moçambicanas e das organizações da sociedade civil, afiliadas ou não à Campanha Não ao Prosavana. O relatório é claro ao afirmar que “é preciso avançar, não vamos ter todo o pensamento igual. Alguns não querem, mas é preciso avançar”.
De acordo com o calendário das acções de implementação do programa, as atividades do Prosavana já iniciaram, sendo que a “Campanha Não ao Prosavana” não foi ouvida e tudo que já foi dito sobre o programa foi ignorado.
Nós membros da “Campanha Não ao Prosavana”, camponeses e camponesas, mantemos o nosso posicionamento sobre este programa e a forma como nos vem sendo imposto. Reafirmamos que investimentos como o ProSavana, programa de desenvolvimento do corredor logístico de Nacala e o programa Sustenta não são e jamais serão alternativas de desenvolvimento agrário que se ajustam às necessidades dos moçambicanos e moçambicanas, que estes jamais responderão as nossas necessidades alimentares. A campanha continua a defender a agricultura camponesa e familiar, que a agroecologia é a única forma do país alcançar a soberania alimentar e evitar que os produtores familiares caiam na armadilha das corporações que pretendem controlar o nosso sistema alimentar.
Assim sendo, a campanha continuará a resistir contra o modelo desenvolvimento excludente e discriminatório baseado no agronegócio que nos é imposto, pois entendemos que este modelo proposto tem como base a expansão e acumulação de capital por parte dos grandes investidores e assenta-se na produção de lucro e não no bem-estar dos povos como devia ser.
No entanto, a Campanha Não ao Prosavana mantém a expectativa de um diálogo realmente aberto, democrático, inclusivo e construtivo com o governo com vista ao alcance de soluções para a agricultura nacional e de forma sustentável, respondendo às necessidades dos moçambicanos e moçambicanas e garantindo o acesso, posse e controle da terra e outros factores de produção, como um direito salvaguardado.
As organizações:
- Acção Académica Para O Desenvolvimento Das Comunidades Rurais – ADECRU
- Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de Nampula - CAJUPANA
- Comissão Diocesana de Justiça e Paz de Nacala – CDJPN
- Fórum Mulher – Coordenação para a Mulher no Desenvolvimento
- Marcha Mundial das Mulheres Moçambique
- Justiça Ambiental (JA!) – Amigos da Terra Moçambique
- Liga Moçambicana dos Direitos Humanos – LDH
- Livaningo
- União Nacional de Camponeses – UNAC
Maputo, Nampula, 6 de Junho de 2018